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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Carlos IV



Carlos IV da França, cognominado o Belo
nasceu em Creil, Picardia, 18 de Junho de 1294
morreu em Vincennes, 1 de Fevereiro de 1328
foi rei de França de 1322 até à sua morte, o décimo quinto e último da chamada dinastia dos capetianos directos.

Foi também conde de la Marche de 1314 a 1322, e rei Navarra e conde de Champagne desde 1322 até à sua morte, com o nome de Carlos I. O mais jovem dos filhos sobreviventes de Filipe o Belo e Joana I de Navarra, os seus irmãos foram Luís X de França, Filipe V de França, e Isabel de França, rainha consorte da Inglaterra.

Depois da invasão da Flandres em 1305, o seu pai concedeu Béthune, a primeira cidade a render-se, a Matilde, condessa de Artois e viúva de Otão IV, conde palatino da Borgonha.

Para garantir a fidelidade desta, foi organizado o casamento das suas duas filhas, Joana e Branca, com os príncipes Filipe e Carlos, respectivamente, filhos do rei francês. O matrimónio de Carlos com Branca ocorreu em 1308.

Em Abril de 1314, ano em que recebeu o título de conde de la Marche em apanágio do seu pai, uma visita da sua irmã Isabel de França despoletou o caso da Torre de Nesle: Margarida da Borgonha, esposa do seu irmão Luís, e a sua esposa Branca da Borgonha foram acusadas de adultério.

Filipe de Aunay, amante de Margarida, e Gautério de Aunay, amante de Branca, foram julgados e condenados por crime de lesa-majestade. A 19 de Abril foram supliciados e executados em praça pública em Pontoise.

As duas princesas tiveram os seus cabelos rapados, um humilhante desfiguramento e marca física do seu crime de adultério. Vestidas de preto, foram aprisionadas nas masmorras de Les Andelys, de onde Branca só sairia depois de sete anos, obtendo autorização para tomar o hábito de religiosa.

Ainda se tornaria rainha de França na prisão, a 21 de Fevereiro de 1322, até o seu casamento ser anulado a 19 de Maio pelo papa João XXII.


Carlos subiu ao trono depois da morte do seu irmão Filipe V de França, segundo a lei sálica, e foi sagrado em Reims a 21 de Fevereiro de 1322 pelo arcebispo Roberto de Courtenay, tal como o seu predecessor. Simultanealmente, herdou o reino de Navarra e o condado de Champagne.

Tal como o reinado do seu irmão mais velho Luís X de França, o seu também seria condicionado pelo escândalo da Torre de Nesle e pela vontade em se casar com uma rainha capaz de lhe dar um descendente para continuar a dinastia capetingia
.
Encontrando o tesouro real vazio devido aos gastos dos reinados precedentes, Carlos aumentou os impostos. Puniu severamente e confiscou os bens dos banqueiros lombardos que tinham sido os credores do reino.

Foi igualmente rigoroso com os juízes e senhores que se tinham apropriado dos bens de particulares, sendo acusado de não só perseguir estes, como também outros nobres que não estavam no seu favor. Chegou mesmo a prender Girard de la Guette, superintendente das finanças de Filipe o Alto acusado de ter desviado 1.200.000 libras.

Carlos o Belo teve um grave conflito com o rei Eduardo II de Inglaterra por este se recusar a prestar-lhe o juramento de vassalagem a que era obrigado pelas suas possessões na França: o ducado de Guyenne e Ponthieu.

A partir de 1323, alguns senhores da Gasconha, apoiados pelos ingleses, fizeram incursões nos domínios do reino. Uma vez que estes gascões eram liderados por bastardos da nobreza, este conflito foi chamado de Guerra dos Bastardos.

Em 1325, o rei francês tomou os territórios ingleses no continente. Eduardo enviou a sua esposa Isabel de França para negociar com o irmão. Isabel acabou por organizar na França a deposição do rei inglês em favor do seu filho Eduardo III, em 1326-1327, e a instituição de uma regência da rainha mãe com Roger Mortimer, em nome do seu filho.

Carlos IV morreu de tuberculose a 1 de Fevereiro de 1328, em Vincennes, encerrando assim a linha dinástica directa que começou com Hugo Capeto. Foi sepultado com a sua terceira esposa, Joana de Évreux, na basílica de Saint-Denis.

  • Sucessão

Joana de Évreux estava grávida aquando da morte de Carlos IV. Tal como no caso do seu irmão Luís X, foi necessário aguardar o nascimento da criança para se saber se era varão e poderia continuar a dinastia capetiana. Entretanto o reino passou para a regência de Filipe de Valois. Ao nascer outra filha, a 1 de Abril de 1328, que não podia reinar devido à lei sálica, passaram a haver três pretendentes:

  • * Eduardo III de Inglaterra, filho de Isabel de França, eliminado da sucessão porque, segundo uma interpretação mais alargada da lei sálica, as mulheres não só não podiam herdar o trono, como também não podiam transmitir este direito. Esta posição foi contestada pelo monarca inglês, o que foi uma das razões principais para a Guerra dos Cem Anos que se seguiu.
  • * Filipe de Valois, regente, primo direito de Carlos IV e filho de Carlos de Valois.
  • * Filipe de Évreaux com Joana II de Navarra, filha de Luís X de França, herdeira do reino de Navarra e do condado de Champagne.

O trono francês passou assim para as mãos de Filipe de Valois, que se tornou rei Filipe VI de França. Navarra foi restituída à sua herdeira legítima, uma vez que a sua suposta bastardia de Joana II (devido ao caso da Torre de Nesle) nunca foi provada. Joana tinha-se casado em 1317, com o seu primo Filipe de Évreux, que negociou com o novo rei Filipe VI.

Em troca do seu apoio ao novo monarca e da anexação oficial do condado de Champagne aos territórios do reino da França, este conseguiu o trono navarrez para a sua esposa e para si, tomando o nome de Filipe III de Navarra.


  • Casamentos e descendência
Em 1307 ou 1308, Carlos casou-se com Branca da Borgonha, filha de Matilde de Artois e Otão IV da Borgonha, que seria condenada por adultério no caso da Torre de Nesle em 1314. No ano da sua subida ao trono, o papa João XXII anulou o matrimónio por razões de consanguinidade. Deste casamento nasceram:

  1. Filipe de la Marche (antes de 5 de Janeiro de 1314 - antes de 24 de Março de 1322)
  2. Joana de la Marche (1315 - 17 de Maio de 1321)

A 21 de Setembro de 1322, em Provins, casou-se em segundas núpcias com Maria de Luxemburgo, filha do Sacro Imperador Henrique VII de Luxemburgo e de Margarida de Brabante.

  • Deste matrimónio nasceu uma filha que não sobreviveu.


A 21 de Março de 1324, no decurso de uma viagem a Issoudun, na província de Berry, a carruagem de Maria virou-se, provocando a morte da rainha e do herdeiro varão de que estava grávida. O descendente desta união foi:

  • Luís de França (nascido e morto em Março de 1324), poucos dias depois do seu baptismo

A 13 de Julho de 1325, ainda sem um filho homem, casou-se com a sua prima Joana de Évreux, filha de Luís de Évreux e de Margarida de Artois. Deste casamento nasceram:

  • Joana de França (antes de 11 de Maio de 1326 - antes de 16 de Janeiro de 1327)
  • Maria de França (1327 - 6 de Outubro de 1341)
  • Branca de França (1 de Abril de 1328 - 8 de Fevereiro de 1393), filha póstuma, condessa de Beaumont, casada em 1345 com o duque Filipe Valois de Orleães, filho de Filipe VI de França.